domingo, 30 de agosto de 2015

O Castelo de Fontainebleau


Há tempos fazia planos de visitar o Castelo de Fontainebleau. Para ser sincero, desde 2002. Afinal, a cidade está a 70 km de Paris, ou seja, uns 40 minutos de trem. Porém, tudo tem o seu tempo e o dia reservado pelo destino foi 10 de setembro de 2014, bela manhã de sol. Saí de Paris cedo com a temperatura agradável e figurino de verão total...
... chegando ao Castelo... o sol estava fraco, vento frio e sensação de 20 graus... o que é um gelo para um carioca.
Ir ao Castelo é muito fácil, começando pela compra do ticket para o trem, na máquina de qualquer estação de metrô ou trem. Basta escolher o ticket para zona 1-5 e escolher Fontainebleau-Avon. Na Gare de Lyon, embarcar no trem com destino à Montargis, descer em Fontainebleau-Avon. Ao sair da estação basta caminhar alguns metros até o ponto de ônibus que leva ao Castelo (Linha 1). Resumo da ópera: ideal para quem não dirige, como eu e adora viajar de trem.
Escadaria em forma de ferradura, foi encomendada por Louis XIII e dá acesso a diversas partes do Castelo
"Verdadeiro lar dos Reis" e "casa dos séculos", nas palavras de Napoleão o Castelo foi residência real e imperial, do século XII até a queda de Napoleão III em 1870! A residência de caça de Fontainebleau foi ampliada e reformada por François Ier no século XVI. É a partir daí que, segundo os  historiadores, há registros das obras realizadas no Castelo e nos jardins, fazendo de Fontainebleau o local preferido da realeza.  
O Castelo visto a partir dos jardins
A beleza discreta do Castelo e do jardim aguçam nossa curiosidade para descobrir o seu interior e entrar no túnel do tempo onde viveram os personagens que povoam nossa imaginação... uma viagem ao mundo dos Reis e Rainhas.
Apaixonado pelo Renascimento italiano, François Ier, deu ordens para a construção desta Galeria, que obviamente, leva seu nome. As obras são de autoria de autoria do artista italiano Rosso Fiorentino. São pinturas, revestimentos afrescos e estuques que contam histórias da mitologia greco-romana. Apesar de algumas mudanças ao longo dos séculos a Galeria é o conjunto decorativo mais bem preservado da primeira escola de Fontainebleau. 

 
Detalhes da Galeria François Ier
 
 
Na próxima visita irei com figurino à altura do Rei. Clique na foto para ampliar e ver o detalhe da cadeira com a Salamandra (emblema de François Ier). 
Não bastasse toda a beleza da Galeria, na passagem entre um ambiente e outro encontramos obras decorativas, como esse belo vaso.
Os aposentos reais
 Era neste quarto que dormia e sonhava,  a Imperatriz Anne d'Autriche

Do final do século XVI até a queda do Segundo Império este foi o quarto ocupado por Rainhas e Imperatrizes. E no correr dos séculos modificações foram realizadas de acordo com o gosto das soberanas.

E finalmente o quarto do Imperador, finamente decorado no período de Napoleão.
E no meio da visita começo a achar o interior de Fontainebleau mais bonito que Versailles. Será? Visitei há tanto tempo... terei que voltar para fazer comparações...
 Salão das Tapeçarias

Não há nesse Castelo algo que possamos achar feio ou sem graça. E à medida que a visita avança vamos nos encantando cada vez mais...como esses salões abaixo:
 Salão Louis XIII
Salão do Trono 

E todo Castelo que se preza tem um Salão de Baile, o de Fontainebleau é espetacular! 
A construção do salão data do final do reinado de François Ier e é decorado com afrescos e algumas esculturas. 
Detalhe do teto
 Lareira do salão de baile e a riqueza da decoração 

Galeria de Diane - construída no reinado de Henri IV, sofreu modificações ao longo dos séculos e foi transformada em Biblioteca no Segundo Império, por Napoleão III.

E quando você já pensou que não havia mais nada a ser admirado, nada que pudesse te surpreender mais diante de tanta beleza...
... você entra na acolhedora Capela da Trindade que teve sua construção iniciada no século XVI, à época de François Ier e foi lindamente decorada ao longo dos séculos XVII e XVIII.
Entre tantos eventos que se passaram aqui, vale destacar o casamento de Louis XV em 1725 e o batizado do futuro Napoleão III em 1810.
 Tribuna Real da Capela - daqui os Reis assistiam a Missa.
Detalhe da decoração do teto - associação de pinturas e molduras em estuque seguindo a tradição nascida em Fontainebleau à época de François Ier.

O Castelo de Fontainebleau é considerado, pela UNESCO, Patrimônio Mundial da Humanidade. E para mantê-lo tão bem conservado tem recebido o apoio de grandes empresas e milionários, como pode ser  observado na foto acima.  
Fiz a visita com toda a calma possível. Diferentemente de Versailles, como podemos observar, o Castelo não atrai muitos visitantes. Por um lado é ótimo, nada de filas, nem falatório. Por outro, é uma pena, pois deixam de conhecer uma das poucas residências reais, totalmente preservadas da Europa. 

Pausa para o almoço no Café du Château - ou o papo estava bom ou a fome estava maior. O fato é que não vi foto desse almoço...
Todavia, a sobremesa foi o visual que cerca o Castelo... lagos tranquilos e muito verde.


Um passeio perfeito, tranquilo e com ótimo custo/benefício. Se você ainda não foi, inclua na próxima viagem. Se você ainda vai à França, se tiver oportunidade, não deixe de ir. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Paris é uma festa: 70 anos, Le Parisien

Quis o destino que eu estivesse em paris no dia 9 de setembro de 2014. Minha programação em Paris nunca é engessada, mas não poderia ser diferente, afinal  uma vez por ano visito esta cidade. E espero que a crise não atrapalhe meus planos futuros...oremos! 
Depois do meu almoço, peguei um ônibus e saí sem destino, acabei parando no Musée du Quai Branly. Este museu que foi inaugurado em 2006, tem belo projeto de Jean Nouvel e oferece uma bela vista  da cidade, tendo a Torre Eiffel ao lado, a partir do restaurante Les Ombres que fica no terraço. A proposta do museu é um diálogo com as culturas da África, Ásia, Oceania e Américas.
Estive no Museu em 2009 para ver uma exposição sobre a História do Jazz, mas ainda não conhecia sua coleção permanente e confesso que não gostei muito. Achei confuso. Talvez a culpa tenha sido dos muitos museus que havia visto recentemente na Turquia...
Cerâmica - Perú (1100 - 1450 D.C.)
Próximo ao  Quai Branly fica o Museu de Arte Moderna (Palais de Tokyo) que ainda não conheço, é uma construção imponente que chama atenção.

detalhe da escultura no Palaisde Tokyo
E nessa vadiagem cultural passei pelo Palais Galliera, o Museu da Moda de Paris, mas só para curtir o jardim, pois já estava fechado. No verão o sol se põe lá pelas 20hs...

Caminhando e sempre atento parei num ponto de ônibus para seguir para o próximo destino, ainda desconhecido. Essa é a graça do passeio, analiso os itinerários e vejo para onde posso ir. Das linhas que passavam ali decidi pela 92 e desci na Rue de Vaugirard e depois peguei o 96 até a Rue Bonaparte no 6º distrito. Logo avistei uma fila na porta da loja do Pierre Hermé. Na fila muitos turistas japoneses que saíam de lá com sacolas cheias, como se estivessem feito compras em supermercado. Para situar, Pierre Hermé é um chef pâtissier, dos mais renomados do mundo. Suas criações são verdadeiras obras de arte. Chocolates, macarons, doces e tudo o mais maravilhoso que você puder imaginar... uma grife de luxo, antes de tudo. Impossível passar na porta e não comprar nada. Entrei, mas a sacola era bem modesta... no final do post você vai ver.

Estava ao lado da Église Saint-Sulpice e aí meu amigo que nunca aparece nas fotos quis visitar a igreja, mas eu preferi ficar no Café de la Mairie que fica na Praça e pedi um Kyr. 



E lá fiquei assistindo o desfile de sacolas cheias de lojas de grifes que passavam nas mãos dos turistas orientais... enquanto aguardava meu amigo que fotografava a belíssima Igreja de Saint-Sulpice.


Depois de dois drinks, bate-papo, hora de ir embora... e aí a surpresa e o motivo deste post: a festa! Saí do Café e notei um burburinho nas ruas e, claro, fui conferir o que tava rolando.

Muita gente nos bares, restaurantes e nas ruas, muitas fechadas ao trânsito. Era a comemoração dos 70 anos do Jornal Le Parisien.



E se tem festa em Paris, vamos aproveitar... 
Jornalistas, editores, gente de diversas áreas e o povo...  entrei no clima de corpo e alma! 
 
 
Misses Plus Size foram prestigiar o evento

E se você chegou até aqui vai ficar com muita água na boca...lembra da sacolinha do Pierre Hermé? Veja nas fotos abaixo a delícia que eu provei...

Gâteau Ispahan (macaron de framboesa, framboesas e pétala de rosa)...muito, muito bom!

terça-feira, 25 de agosto de 2015

No meu quintal, o Marais

Eis-me aqui pedindo desculpas pelo sumiço, mas estou de volta para dar continuidade aos posts das férias de 2014.   E agora: Paris e arredores. Fiquei no Studio que alugo no Marais e cada vez mais gosto de ficar neste bairro. A oferta cultural é ótima, Ópera Bastille a poucos metros, museus e galerias de Arte, restaurantes, fromageries, mercados, enfim tudo de bom, sem contar a facilidade de locomoção, a pé, ônibus ou metrô e um ponto de táxi, tudo pertinho da Rue Saint-Paul.
Uma das imagens bonitas deste bairro é a igreja de Saint-Paul-Saint-Louis. A Igreja foi construída no século XVII era chamada de  Saint-Louis-des-Jésuites, o estilo é inspirado no barroco italiano. Durante a Revolução foi saqueada e muitas obras de arte desapareceram. Na reabertura, em 1802, adotou o nome Saint-Paul-Saint-Louis,  como lembrança da antiga Paróquia de Saint-Paul que ficava na rua de mesmo nome, destruída em 1799.
Entre 2011 e 2012 a Igreja passou por uma bela restauração e agora podemos admirar sua  bela fachada e algumas obras de grande valor histórico.

 Visão da nave central e do altar-mor

 

As duas imagens acima representam simbolicamente a obra missionária dos jesuítas. A da esquerda faz referência à religião, segurando a cruz (símbolo do Cristianismo) e catequizando um índio. À direita, a figura chamada de "O Zelo ou o Anjo da Religião castigando a idolatria", o anjo chicoteia um pagão que está agarrado a um ídolo e o apresenta ao evangelho.  
O belo órgão na Tribuna
Certamente, não é uma igreja muito visitada pelos turistas. Afinal, todos querem ver a  Notre Dame. Porém, numa visita ao Marais não custa nada entrar e apreciar... 
O movimento na Rue Saint-Antoine ... ao fundo a Tour Saint-Jacques
A poucos metros do Studio que alugo fica a simpática Place du Marché-Sainte-Catherine. Acho essa pracinha um charme, super aconchegante, arborizada e cercada por bistrôs. E é aqui que eu almoço. A oferta é grande, passo em cada restaurante para ver os menus,  escolho um  que me agrada e peço uma mesa, em seguida uma taça de vinho e o tempo passa...
Os menus ficam expostos na entrada dos restaurantes...

E é assim que curto as férias... sem pressa, espectador da vida e do tempo... 

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