sábado, 12 de maio de 2012

Via Veneto e suas surpresas

A previsão do tempo para o meu segundo dia em Roma era de chuva. Eu não acreditei, pois com a noite linda do dia anterior isso seria impossível. E claro que a previsão estava certa. Acordei e o dia estava cinza. Antes que as águas rolassem segui para a Fontana di Trevi - assunto do post anterior. Só que no caminho passando pela Piazza Spagna fiz umas fotos e resolvi mostrar também.

Acho esse conjunto de prédios extremamente simples e belo. E complementando o cenário, as belas palmeiras.  Acho que toda vez que voltar à Roma vou fotografar. Não fiz muitas fotos porque já tinha as de 2010. Mas esta praça merece. É um ponto de muito movimento por causa do metrô. Vale a pena observar esse movimento.

E algo raríssimo: a Scalinata di Spagna vazia. Sorte que tinha um grupinho de japoneses -sempre eles - fotografando. Não fossem os japoneses, acho que não teria a quem pedir. Na verdade não sei se eram japoneses ou chineses. Ou seriam coreanos?


Não é difícil se perder em Roma. Saindo da Piazza Spagna avisto essa coluna e duas ruas...para onde seguir? À direita ou à esquerda. Segui pela rua da direita e cheguei até a Fontana di Trevi.
Depois de jogar a moedinha e garantir um retorno à Roma, decidi dar uma volta pela Via Veneto. Antes que as águas caíssem, fazer um passeio por essa rua elegante seria um bom programa para aquela manhã fria.


Acho a Via Veneto um luxo. Os hotéis estrelados, os cafés, as lojas de grife. Tudo ali é um charme. Eu caminhava devagar, as pernas estavam arrasadas da caminhada do dia anterior. Estava com uma sensação de ter jogado 10 partidas de futebol sob sol escaldante.  Fazer um passeio desses sozinho te deixa mais observador.

E foi assim que avistei a pequena Chiesa dell'Immacolata Concezione - Via Veneto, 27 (esta eu anotei até o endereço !). Visitar qualquer igreja em Roma significa ver alguma obra de arte. Atravessei a rua e lá fui eu. Na escadaria do lado esquerdo tinha uma corda que impedia o acesso. Subi pelo outro lado e vi que a porta principal estava fechada. Só tinha uma pequena porta aberta em uma lateral. Estranhei um pouco, pois entrei numa pequena sala, misto de recepção, loja e tinha que pagar 1 euro para visitar.  Geralmente as igrejas em Roma são gratuitas. Já estava lá e não me importei. Eu só não reparei em um detalhe: aquela era a entrada da cripta. E visitar uma cripta aquela hora da manhã era tudo que eu não queria. Lá estão enterrados os frati cappuccini, incusive alguns membros da poderosa família Barberini. O fato é que, por razões que desconheço, não me sinto bem em certas igrejas e evito ao máximo as criptas. Fui entrando e observei a decoração peculiar toda em ossos. Ossos decorando todas as 6 criptas. Até lustres eram feitos com os ossos! Um pequeno grupo visitava a cripta e notei que algumas pessoas não ficaram muito tempo. Ouvia risos nervosos e gente voltando. Eu quis dar uma de durão e continuei até o final. Sala a sala, ou seja, muitos ossos pelo meu caminho.


Fazer fotos é expressamente proibido e eu nem tinha clima para isso. Essa foto é reprodução do postal que comprei na saída. Não sei como consegui ficar observando aqueles esqueletos. Quando me dei conta  que estava completamente sozinho no corredor, justamente na última sala, respirei fundo e caí fora. A sensação era que todos aqueles esqueletos estavam rindo para mim. Assim que saí fui abordado pela senhora que trabalha no local. Imaginem que no meio das minhas moedas havia uma de 1 peso argentino. Acho que estava misturadas às outras de euro que tinha em casa. Ou será que me deram 1 peso argentino de troco e eu não me dei conta? Não contei para vocês ainda, mas nesta viagem precisei dos óculos em tempo integral, principalmente para ler as plaquinhas nos museus e para conferir troco em moedas. Enfim, paguei o euro correto e até esqueci de perguntar porque a igreja estava fechada. Só queria sair dali. E, por dentro, dizia: " da próxima vê se repara bem onde está entrando!".


Saí apressado e continuei meu passeio pela Via Veneto. Tentando tirar da cabeça aquelas imagens. Depois de um tempo eu comecei a rir sozinho na rua e as pessoas me olhando como se eu fosse louco. Eu ria do meu "medo". 

O famoso Café de Paris (ou Dolce Vita)  frequentado pelas celebrities de todos os tempos... e cenário de filmes.

O tempo começou a fechar e interrompi meu passeio. Estava decido a subir a Via Veneto e ir até a Vila Borghese, mas fazer isso sob chuva e cansado não ia dar mesmo. Desci a rua em direção à Piazza Barberini e aí tudo mudou. E esse é o lado bom de não ter um roteiro engessado. Roma é uma cidade aberta. São muitas possibilidades. E esse foi um dos aprendizados dessa viagem. Não criar roteiros, deixar o caminho livre, aberto para descobertas. É permitir que  o acaso dirija sua vida.

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15 comentários:

  1. Ah....Se não existisse este acaso a vida seria tão sem graça, não é???

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  2. Tania
    completamente. é bom sempre deixar a porta aberta.
    Bjs

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  3. Adoro Roma, mas nunca vi essa igreja com a decoraçao feita com ossos. me lembro de quando fui a Republica TCheca e fui visitar uma igreja recomendada pela Unesco. Cheguei la toda feliz, achando que ia ver anjos rechonchudos e imagens sacras, mas a igreja toda e decorada com ossos de defuntos desenterrados do cemiterios superlotado.

    Era brazao em osso, monte de osso, piramide de caveiras...

    sei bem o que vc sentiu.

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  4. Jorge, estou adorando teus relatos e a forma de voce relatar. Mas há uma enorme diferença quando se le o texto de alguém que voce ouviu falando. Explico. Sempre li seus textos com a premissa de que voce falava rápido. E agora eu sei que voce é um carioca de fala mansa; pausada como a Madá. O texto flui com muito mais significado. Entendo perfeitamente quando voce diz "Desci a rua em direçao 'a Piazza...." e antes eu imaginaria uma pessoa descendo rapidamente essa rua e agora eu sei que voce desceu calmamente...pausadamente.....Abraço e bom fim de semana.

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  5. Jorge
    Mais um post memorável e... engraçado!
    Não sabia que vc tinha medo de ossinhos,rsrs.
    Estranhei ver Roma vazia!
    Aquela cidade, mesmo com chuva, sempre foi um agito só!
    Será a crise?
    Bjs.

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  6. Inaie
    Esse foi o preço da minha distração na hora. Ou talvez a minha curiosidade.
    Abraços

    Eymard
    Muito bom ler isso. E entendo perfeitamente, pois já vivi essa experiência.
    Conitnue lendo, tem muita história.
    Abrços

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  7. Beth
    Acho que foi o horário e o frio que afugentou os turistas. Mas eu adorei ter aquela escadria só pra mim....rs
    Beijos

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  8. Jorge
    Que coisa essa cripta feita de ossos...
    O bom de não ter roteiro são as surpresas.
    Bjs

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  9. Oi Jorge!
    Também fiquei surpresa com Roma assim vazia, mesmo com o tempo se preparando. Ter estas escadarias só para você foi tudo de bom, heim?
    Noooossa eu teria batido em retirada desta cripta.rsss
    Abração!

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  10. Suely
    Se a foto assusta, imagina ao vivo..rs
    Beijos

    Valéria
    O engraçado é que a cidade não estava vazia. Mas acho que o frio afugentou o povo.
    Beijos

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  11. Olá, Jorge! Bom retorno!
    Já nos brindando com textos e fotos sensacionais pra variar!

    Já estou na expectativa de saber sobre Firenze e principalmente Verona. :-)

    Abração

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  12. A escadaria da Piazza di Spagna vazia? Não vai se repetir nunca.
    :)

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  13. Ciao Rodrigo!
    Sabia que lembrei de você nesta viagem? Não sei exatamente onde foi, mas lembrei. Cara Firenze é uma coisa de louco. Pura Arte!
    Fique atento. Espero fazer de um a dois posts por dia.
    Abraços

    Allan
    Como já disse em outros comentários acho que o frio afugentou o povo. Por isso fiz questão de registrar.
    Abraços

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  14. Estou amando esse passeio. Vou lentamente te acompanhando. Nunca vi tanta ossada. Acho que não me incomodaria...
    Admiro a sua coragem. Faço várias coisas só.
    Agora uma viagem assim . . . não sei se conseguiria. Vou ler o próximo! Bjkas!

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  15. Kátia
    Apesar de experiente em viagens eu não queria ter ido sozinho. Ter alguem próximo sempre é bom, mas como não teve jeito lá fui eu em voo solo e, graças a Deus, tudo certo!
    Beijos

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