sábado, 11 de fevereiro de 2017

Iniciando 2016 com Arte - uma aula sobre costumes da Belle Époque

Já faz parte da tradição ir ao Musée d'Orsay no dia 1º de janeiro, para visitar a exposição temporária em cartaz e rever os clássicos eternos do Impressionismo. 
Cheguei ao museu uns 15 minutos antes da abertura, por volta de 9h15min. Havia uma fila de no máximo umas 30 pessoas. Segundo a tradição, ao menos até 2014, a entrada é gratuita no primeiro dia do ano, só que não ... Segundo a funcionária, este seria o primeiro ano que iriam cobrar ingressos. Sem choro, tive que desembolsar 12 Euros, mas valeu cada centavinho. Aliás, vale sempre.
 
Foto clássica junto ao cartaz da exposição para comprovar que você esteve lá...rsrsrsrs
Acho o Musée d'Orsay um dos mais bonitos de Paris e o que tem o acervo que me agrada mais. Sem contar essa arquitetura elegante da antiga estação ferroviária.

Esta foi a  primeira exposição consagrada ao tema da prostituição ... embora fosse tema presente nas telas de alguns artistas franceses e estrangeiros. Nunca havia sido montada uma exposição exclusiva, reunindo grande material sobre o tema. O Musée d'Orsay, como não podeira deixar de ser, reuniu obras de arte e objetos, além de fotos e filmes, para mostrar a vida das cortesãs que vivam nos salões no período da Belle Époque. Algumas, figuras conhecidas através das telas de Manet ou Toulouse-Lautrec. A exposição contava com trabalhos que abrange o período de 1850 até 1910. Ao atravessar a porta, entrei num mundo de risos discretos, pequenos gestos e muito glamour, mas também de tristeza, solidão e doenças. O título não poderia ser melhor "Splendeurs et Misères". 

Fico muito dividido quando o assunto é "proibido fotografar" nas salas de exposições. Lamento, porque muitas vezes são obras ou objetos tão raros e queremos ter o prazer de fazer o clic e guardar, mostrar para um amigo e até, de certa forma, chamar de "minha obra". Por outro lado, acho que podemos aproveitar mais da exposição e curtir o momento, sem ficar procurando o melhor ângulo e pior, atrapalhando quem quer apenas apreciar o belo. Sem contar o barulho dos cliques e pessoas que gostam de "interagir" com as obras.
Todavia, aproveitando um descuido de um monitor, ou correndo o risco de ser chamado atenção, fazemos olhar de paisagem e fotografamos. É um ato de rebeldia e um delicioso prazer. Internamente falamos "consegui!". Apesar da tensão do momento, não poderia deixar passar em branco e não fotografar a cama abaixo. Nem preciso dizer as viagens que fiz ao olhar essa cama, quase king size, extravagante e maliciosamente desarrumada, como se os amantes acabassem de levantar.
A cama pertenceu à Esther Lachmann, marquise de Païva, ou simplesmente, La Païva, como era conhecida.


A Paris do século XIX tinha seus bordéis e casas de tolerância, muitas frequentadas por celebridades da época e muitos nobres também. Certo rapaz inglês, de origem nobre, conhecido como Bertie, era um dos frequentadores assíduos. Muito forte e alto e, dizem, com apetite sexual insaciável, mandou construir esta cadeira, conhecida como  "siège d'mour". Assim, conseguia ter relações com duas mulheres ao mesmo tempo, sem muito esforço. Não ligou o nome à pessoa? Bertie, Príncipe de Gales e futuro Edward VII ... pensou em alguém conhecido???  
Olympia de Manet, um dos quadros mais famosos do pintor e que causou grande escândalo quando foi exposto em 1865. Por incrível que pareça, o que mais provocou a ira dos críticos à época nem foi a nudez, mas o olhar da mulher direto para o espectador.

Passei 3 horas na exposição, pois como disse, havia filmes e fotos. E a exposição não ficou restrita à prostituição feminina. Havia fotos e textos sobre a prostituição masculina também.

E como o assunto é inesgotável, na saída da sala encontramos vasto material sobre o tema. Livros, revistas e catálogos.
Saí da exposição, maravilhado pela qualidade, a apresentação e organização. Além de apreciar todas as obras, aprendi muito sobre os costumes de uma época da sociedade parisiense no século XIX. É sempre um programa obrigatório ir ao Musée d'Orsay.

E por que não rever os clássicos maravilhosos do Impressionismo? Não me canso.
Para minha surpresa,  desta vez,  podia fotografar e aí fiz uma festa! Desde 2002 frequento este museu e nunca deixo de visitá-lo. Acima, "O tocador de Pífaro" de Edouard Manet. 
 Outro clássico de Manet, "Déjeuner sur l'herbe"

 Champ de Coquelicots - Monet
 A elegante bailarina de Degas
 Gosto muito dessas telas de Renoir com casais dançando

 Van Gogh

Paul Gauguin

Tantas vezes for à Paris, tantas farei ao D'Orsay

Não foi surpresa ao sair, ver a multidão na fila, com frio e temperatura de uns 8 graus. Nada como chegar cedo.
 E Paris é assim, bela, mesmo quando cinza. Melhor início de ano, impossível!!!

2 comentários:

  1. Olá ! Realmente este museu é sensacional e seu post nos fez viajar...uma delicia ! esperando os próximos :)

    ResponderExcluir

Curtiu a viagem? Então comente e deixei o blogueiro feliz!

Balcão de Perguntas

Nome

E-mail *

Mensagem *